Falta coragem para ir à janela
e libertar os sonhos
que se entulham nos valores
que deprimem nossa cela.
Falta coragem pra se amar
como se ama quem nos ama a sós.
Aquele amor libertinado, de prazer de antes,
de prazer de meio e eternizado após.
Falta coragem para o sim
quando se emprega o não,
impregnado de amarras que deprimem
a liberdade que alimenta o coração.
Falta coragem para o não
quando se acata o sim à revelia da vontade,
em cumprimento ao estabelecido
que deturpa a nossa verdade.
Falta coragem pra mudar de rumo
ainda que preciso fosse a marcha ré,
para que a vida seja, tão somente,
a plenitude que ela já é.
Falta coragem pra beijar na boca,
pro abraço e pra revolução,
mesmo que revolucionariamente
a gente só liberte a nossa emoção.
Falta coragem
pra quebrar as cercas deste mal
e ver o mundo além dos muros,
além dos horizontes do nosso quintal.
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