Cantinho da Prô

Cantinho da Prô

sábado, 30 de março de 2019


Esse texto foi uma fala que fiz no culto ecumênco em ação de graças pela conclusão do curso de Pedagogia em 08/02/2019 

A METAMORFOSE PEDAGÓGICA
Por: Sandra Conceição Gomes de Alencar Monteiro

Sinto-me  honrada em ter a oportunidade de falar sobre minhas colegas de turma. Estamos aqui hoje para celebrar o final de um ciclo muito importante em nossas vidas, nossa formação acadêmica. Porém também marca o  começo de uma nova etapa em nossas vidas.
No ano de 2015 chegamos a UEMS para iniciar nosso curso, cheias de  expectativas, incertezas, dúvidas e muitos sonhos... Ao longo desses quatro anos, tivemos muitos altos e baixos, risos, lágrimas, vontade de desistir... Em meio a tudo isso, tivemos grandes  companheiras de jornada, nossas colegas de turma, pessoas que nos deram muitos motivos pra ficar e enfrentar nossos medos.  Quantas vezes enxugaram nossas lágrimas, nos ajudaram em momentos difíceis, estiveram presentes e torcendo por nós em vários momentos. Fomos colegas, amigas e até irmãs.
Ao escrever minha fala para esta noite, pensei em muitos momentos significativos e que poderiam ser relembrados, pensei em cada uma e em suas características. Contudo, acredito que isso  levaria muito tempo e seria injusto, já que em poucas palavras é impossível definir todas vocês e tudo que dividimos nesses quatro anos.
Pensei em  citações de grandes autores que poderiam ilustrar esse momento. Porém, encontrei no processo de metamorfose da borboleta a descrição perfeita para a experiência por nós vivida.
Falando em borboletas, sabemos que seu ciclo de vida embora curto está dividido em quatro estágios, e em cada estágio, a forma, o habitat e o comportamento podem variar tanto que poderíamos dizer que não se trata do mesmo individuo devido as extremas mudanças ocorridas. Nesse processo, do ovo nasce a lagarta. Podemos dizer que esse seria o nosso estágio  enquanto acadêmicas do primeiro ano de curso. Despertamos para o novo mundo  que a universidade nos apresentou.
O próximo estágio, o de lagarta, é o período em que a larva  alimentasse de folhas o tempo todo. Em nós, analogicamente nesse sentido, bebemos do saber dos nossos mestres e dos teóricos que nos são apresentados. O próximo passo é o que a lagarta passa ao estágio de crisálida, e  em que toda a transformação ocorre. Não é possível encontrar casulos prontos. Para se transformar em borboleta a lagarta tem que “construir” seu próprio casulo, que culminará com o despertar de uma linda borboleta. Enquanto acadêmicas, vivemos nosso estágio de crisálidas quando nossas reflexões e aprendizados nos levam a grandes mudanças interiores, também no período em que estamos construindo nosso trabalho de conclusão de curso, nossas pesquisas e principalmente quando construímos a nossa identidade profissional, e para que isso ocorra, é preciso passar por essa metamorfose. No entanto,  aproveitar a jornada pode ser mais importante do que chegar ao ponto final, pois durante esse caminho nos conhecemos melhor.
Não existem borboletas sem esta metamorfose. Da mesma maneira não existe crescimento intelectual sem esforço, dedicação e muito estudo. Ocorrem grandes mudanças para que a  lagarta se torne borboleta, porém, somente ela pode romper a crisálida em um esforço que pode durar longas horas, e exigir grande esforço. Rompida de outra maneira sem o empenho da borboleta, esta não terá forças para voar, suas asas serão frágeis e impróprias para o voo, pois, o processo de amadurecimento é imprescindível para o sucesso dessa transformação, só assim, o despertar da borboleta para o mundo acontece. Assim também somos nós seres humanos,  as grandes transformações só acontecem quando nos empenhamos e buscamos nos aprimorar. Quando acreditamos que aquilo realmente é o que nós queremos. Não é a toa que o casulo pressupõe um isolamento.  É preciso ter coragem para olhar para dentro e reconhecer-se, passar por um período de maturação . Contudo, uma hora é preciso abandonar o casuloNesse sentido, todo esforço que fizermos nos levará ao rompimento da ignorância e ao desabrochar de uma pedagoga  pronta a alçar voos cada vez maiores.
        
         Queridas colegas, muitas lutas nos esperam,  mas, tenhamos sempre em nós essa força que nos trouxe até aqui e que agora nos leva a seguir caminhos diferentes. A “saudade de todos e a esperança de um breve reencontro estarão sempre em nossos corações”. Levaremos em nossas memórias todos os momentos vividos nesses quatro anos. Assim como as borboletas que sejamos não apenas um voo solitário, mas, que possamos impulsionar muitos outros voos e ainda encher de beleza e cor esse jardim chamado educação.
A todas vocês meu muito obrigado por serem minhas companheiras nessa trajetória, sucesso a todas.


ALÉM DAS CERCAS DO QUINTAL

Falta coragem para ir à janela
e libertar os sonhos
que se entulham nos valores
que deprimem nossa cela.

Falta coragem pra se amar
como se ama quem nos ama a sós.
Aquele amor libertinado, de prazer de antes,
de prazer de meio e eternizado após.

Falta coragem para o sim
quando se emprega o não,
impregnado de amarras que deprimem
a liberdade que alimenta o coração.

Falta coragem para o não
quando se acata o sim à revelia da vontade,
em cumprimento ao estabelecido
que deturpa a nossa verdade.

Falta coragem pra mudar de rumo
ainda que preciso fosse a marcha ré,
para que a vida seja, tão somente,
a plenitude que ela já é.

Falta coragem pra beijar na boca,
pro abraço e pra revolução,
mesmo que revolucionariamente
a gente só liberte a nossa emoção.

Falta coragem
pra quebrar as cercas deste mal
e ver o mundo além dos muros,
além dos horizontes do nosso quintal.

Paulo Franco

segunda-feira, 1 de agosto de 2016